quinta-feira, 28 de julho de 2005

E vou de férias

Meus Amigos: como já devem ter percebido vou fazer o meu retiro espiritual durante os próximos dias.
Muito embora me apetecesse fazer uma loucura e ficar pelo Porto, a correr todas as Noites da Mulher das abjectas mega discotecas da zona industrial, e torrar montes de dinheiro (há pessoas que fazem isto), preferi torturar-me com um fim de semana de qualidade musical, e muita gente.
Depois rumarei até à Galiza, em direcção a Finisterra, quero saber se acaba mesmo lá. Quem quiser vir é bem-vindo, mochila às costas e tenda e já está!
O Moleskine vai comigo, por isso não se preocupem que escritos não faltarão!
Quem for para Vilarejo de Muçulmanos para apoiar a nossa luta, poderá encontrar-me junto a qualquer barraca de Super Bock!
Até à minha volta!

quarta-feira, 27 de julho de 2005

Vilarejo de Muçulmanos


Prontos para a peleja!

Ano da graça de nosso senhor Jesus Cristo de dois mil e cinco. A Reconquista continua.
Não obstante os esforços de alguns cavaleiros deste mui nobre Reino de Portugal e dos Algarves, ainda há focos de resistência da mouraria nas coutadas a Norte do território. Sabei pois, Sua Alteza Sereníssima, que almejaremos mais uma vez, neste sagrado ano, reconquistar aquela parcela, nomenclada como Vilarejo de Muçulmanos, para completar as Vossas posses.
Não deveis ignorar que o valoroso cavaleiro António Barge, tentou nos longínquos anos de mil novecentos e sessenta e sete e mil novecentos e setenta e um, conquistar os infiéis, sendo no entanto os seus esforços infrutíferos.
Sabei mais, as campanhas foram objecto de tentativas de sabotagem pela espionagem de Marcelo Caetano “O Usurpador”, pelas mãos da temível PIDE. Não fosse a preciosa colaboração do comandante das milícias locais e do Governador da comarca anexa e tudo estaria perdido.

No ano de mil novecentos e oitenta e dois, quando os infiéis pareciam desorganizados, organizou-se uma incursão com resultados nos antípodas do ideal. De facto, a mourama reforçara-se com mercenários estrangeiros, destacando-se a encarniçada resistência dos frígios U II, dos saxões Homens Coelho, liderados pelo cavaleiro Eco, e o dissidente das nossas fileiras, António Vitorino de Almeida, “O Maestro”.
Para aumentar a desvantagem os infantes estavam fornecidos de ervas que lhes davam forças adicionais, concerteza as usadas pelo “Velho da Montanha” para controlar os seus “assassinos”. Perante esta conjuntura batemos em retirada.

Vossa alteza: no ano de Nosso Senhor de mil novecentos e noventa e seis começou a peleja que é agora epitetada de “Guerra dos X anos”.
As campanhas anuais de nada servem, as nossas tropas vão moralizadas, mas existe sempre um qualquer devaneio do inimigo que nos deixa em desvantagem.

A falta de mantimentos é um dos problemas basilares que deita a perder as campanhas, só podendo o nosso exército manter o assédio por não mais de quatro noites.
Todos os anos reforçam os infiéis as suas hostes, com novas armas e elementos, apanhando os nossos sempre de surpresa.
O recrutamento e o aprovisionamento estão concluídos e só nos resta calcorrear a estrada real que nos levará ao destino, se Deus Nosso Senhor assim o quiser.

Permitai que Vos diga, com estas parcas palavras e humilde opinião, que esta será mais uma batalha perdida, mas os homens estão dispostos a servir Vossa Alteza até às últimas consequências.
Quando os Vossos iluminados olhos passearem por esta missiva, já lá estaremos a pelejar a mouraria.

A escreeveu
Miguel de Terceleiros
Para saber mais:
Blitz 26 Julho - edição papel

terça-feira, 26 de julho de 2005

Amie para Presidente!

Nomearam-me por isso lá vai ter que ser.
Eu não sei se posso fazer este tipo de promessas, mas garanto que se a Excelentíssima Candidata vencer, vamos em caravana pelo país todo, para saciar a sede de cultura de toda a gente.
Facultaremos garrafas de Bollinger e flutes a todos os que se puserem do nosso lado, e ainda mais, clarinhas de Fão!
Quem não tiver blog passa a ter e quem não quiser passa a ter na mesma.
Ofereceremos esculturas e serigrafias!
E mais é só pedir!

O Adido Cultural da Presidência

Miguel de Terceleiros

Já agora não se esqueçam de ler o outro post!

Ajudem-me!

Chega uma altura na vida em que é necessária uma mudança, e como tal, este vosso modesto escravo anda com a ideia de mudar de ninho, este já não satisfaz as minhas necessidades prementes.

Peço então a vossa ajuda.
Tripeiros solidarizem-se comigo! Se souberem de apartamentos T2, T3, T4, no Porto, para arrendar na zona da Boavista, Cedofeita, S. Nicolau ou Miragaia, avisem!
Não me deixem sem telhado!

domingo, 24 de julho de 2005

E agora para algo completamente diferente

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Obrigado companheiro por esta ferramenta!

quinta-feira, 21 de julho de 2005

Yin

Através do reflexo do espelho, olho para ela e descubro-lhe nas feições, expressões que me agradam e que automaticamente tento reter na memória.
Nunca fui bom de memória. Parece um aquário que não tem silicone suficiente para evitar que a água saia. Vai vertendo devagar, e por azar, são as melhores que se escapam pelas frinchas. Volto a encher o aquário memorabilico e as melhores memórias voltam a sair, por isso escrevo-as.


Mantenho um diário apoiado nas notas do meu caderninho preto, que religiosamente conservo junto ao fígado, que isto de lamechices tipo: “Conservo-o junto ao coração”, não encaixam na pusilanimidade do meu feitio. De facto sou como o elefante, onde passo fodo tudo.


Vejo-a brincar com uma moeda yin yang. Que estará a perguntar, que perguntas tu a essa moeda? De quem estás à espera, acreditas nisso, é o que apetece dizer, chegar perto dela e metralhá-la com perguntas, mas, para variar, não me sinto capaz de o fazer. Basta um pouco de interesse por uma mulher e perco toda a espontaneidade.


Convido-me para outra Super Bock. Bebo e lembro-me que devia ter tirado notas de uma coisa que já esqueci. Como é possível, és sempre a mesma merda!
Tiro o moleskine determinado a tirar notas sobre ela, é melhor escrever com maiúsculas, porque passará a ser o sujeito da história. Não tem nome, mas o Ela vai funcionar como tal.

Nota: - morena, não de pele mas de cabelo;
- Olhos castanho escuro;
- Dedos compridos como gosto;
- A ganga fica-lhe bem (demais até);
- Aparenta entre vinte e cinco e trinta anos, mas mais puxada para a primeira hipótese;
- Tem um sorriso bonito (vi-a a falar ao telemóvel e sorriu)
- Bom gosto na roupa;
- Expressões faciais inteligentes.


Acho que não está a falhar nada para uma primeira observação.
Aproveito que há uma mesa livre junto à dela, e sento-me. Não terá sido nem boa nem má ideia, porque um cromo acaba de se meter com ela. É engraçado que quando estamos à caça, se alguém chega à presa primeiro que nós, passa a ser cromo (para não dizer mais).
Realmente não me enganei.

Nota 2 – conversa entre o Cromo e Ela.

- Essa moedinha para que serve?
- Fazes uma concha com as mãos e agitas a moeda, se sair yin é não, se sair yang é sim. Fazes uma pergunta que tenha como resposta sim ou não e a moeda responde.
- Ah, já sei. Gostas dessas cenas de isotermismo!

Pronto, já meteu a pata em areias movediças, já se fodeu, que cromo!!! Como dizia o meu irmão, “não vás por aí que há mato!”


Continua aqui

Para quem gosta da ficção...

Eu sou um bocadinho chato, mas é só para lembrar que há mais um conto no Geradores. Passem por lá.

Abraços e beijos a todos

Acerca da Ficção

Para quem não sabe o que é um Moleskine.

Jacarandá foi muito bem aceite pelos leitores dos meus blogs, Terceleiros e Geradores. Os comentários puseram-me a pensar. De facto não foram comentários insípidos e reveladores de uma leitura transversal ou diagonal, como lhe quiserem chamar.
Pensei e analisei o que me escreveram e há alguns reparos que devo fazer.

Umberto Eco em “Seis passeios no bosque da ficção” faz referência a um leitor que toma por verdadeiras as palavras que Eco usa para descrever a fuga de Jacopo Belbo n’ O Pêndulo de Foucaut, do mesmo autor. Refere-se especificamente à fuga deste personagem pelas ruas de Paris, e numa determinada rua descreve-se um incêndio com uma barreira cronológica bem definida, ou seja a hora o dia e o local estavam bem explícitos. Ora o leitor, imbuído pelo realismo do escritor, escreve-lhe uma carta dizendo que nessa noite, a essa hora, no sítio determinado por Eco, não houve incêndio nenhum.

Alguns comentários às postas, Jacarandá e Jacarandá #2, assumem como certa a minha participação directa no conto. Mea culpa, tenho-vos habituado mal, ou então os blogs estão mal habituados, ou ainda, já consigo ficcionar de tal forma que soa a verdade.
Gabriel García Márquez, n’ O Perfume da Goiaba, escrito em conjunto com Plínio Apuleyo Mendonza, diz o seguinte: «A ficção tem sempre um fundo de verdade».

Já antes de ler esta passagem, comentara por várias vezes com o Quiosk – nos nossos bilóquios – que para se fazer ficção é necessário pegar em âncoras reais. Isso é que vai criar o alicerce, não podemos pretender criar uma realidade do nada, do vácuo.
A ficção ou se nasce com ela, ou é difícil de se encontrar. Quanto mais vivências recolhemos, mais probabilidades temos de produzir ficção de qualidade, e para a transpor para o papel, é necessário ler este mundo e o outro, e ganhar influências.

Salmoura disse-me que sempre fui um precoce na literatura. Muito embora eu já o soubesse, não imaginava que tinha adquirido vocabulário antes dele, até porque sempre o achei mais avançado e disciplinado do que eu, no entanto a leitura criou uma estrutura própria dentro de mim, levando-me a interessar-me cada vez mais por ela e pela escrita. Não é segredo para ninguém que me exprimo muito melhor na escrita.

Na minha opinião, um bom ficcionador deve ter os dois pés bem assentes na terra e uma capacidade inventiva fora da média . muitas vezes vou na rua em silêncio e deparo-me com situações básicas e fico a imaginar estórias à volta delas, quando dou por mim já estou encostado num sítio qualquer acompanhado do meu cadernito ou do meu Moleskine, se andar sem mochila, a criar uma história, onde a única coisa aparentemente real é a situação que origina o pensamento.

Neste preciso momento, estou parado na estação da CP de S. Romão. Um senhor com um penteado lambido, dos seus sessenta anos, cara encaixilhada de óculos de massa, grossos, castanhos como árvores, olha para o comboio em que estou. Assumo automaticamente que é um trainspotter – pessoa que se dedica a verificar se os comboios chegam à tabela. Este senhor fica estático cerca de oito horas por dia, movendo-se para escrever no seu caderninho a relação de trânsito dos comboios, ir à casa de banho e alimentar-se. Já está tão ritualizado que sabe exactamente quando ir cumprir qualquer das tarefas que lhe desviem a atenção para a sua excepcional tarefa auto-imposta.

Lá está ele parado a olhar para o meu comboio, mas hoje há algo que vai explicar a sua devoção a esta actividade que conta já vinte longos anos.
Do meu comboio sai uma senhora com entrada garantida nos trinta. Dirige-se ao senhor e pergunta-lhe qualquer coisa, que não percebo e só posso adivinhar, como que horas são – ainda não consigo ler nos lábios.

O senhor com cara de espanto, intercala lágrima de saudade com lágrima de alegria e abraça a senhora. Deixa cair o caderninho no cais, que deixara de fazer sentido, e abraça-a. Neste momento o meu comboio põe-se em movimento e sinto que nunca mais os vou ver.
A única realidade disto tudo é o senhor que está parado na estação, nem parece esperar alguém, só lá está e permanece.
Inspirou-me e assim é imortalizado sem o saber.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Intolerância


Este fim-de-semana tive um casamento. É claro que correu bem, sem quaisquer percalços, e como sempre com grande comezaina e bebezaina.
Saído do casório com mais dois amigos, e como a noite ainda era uma menina, afinal ainda só eram 5 da manhã, decidimos ir até um bar, que recomendo vivamente a todos os meus leitores que gostem de boa música rock e alternativa, A Tendinha dos Clérigos.

Já íamos bem bebidos e comidos e não fazíamos intenção de gastar muito dinheiro, queríamos era dar um pezinho de dança e socializar.

Nem sequer passamos por casa para mudar de roupa, e fomos assim mesmo, de fato e gravata. Como podem calcular, toda a gente ficou especada a olhar para nós, mas continuou a dançar. Nós lá fomos buscar uma cerveja e lá nos embrenhamos nos sons que andavam à solta na pista. Passado pouco tempo, uma rapariga de cerca de 22/24 anos, vem ter comigo e pergunta “Não achas que estás demasiado formal para estares num bar deste tipo?!”. É claro que lhe respondi que não é a roupa que faz as pessoas e que me enquadro em qualquer sítio independentemente da roupa que vista.
A rapariga lá voltou para junto das amigas a cochichar e a rir, e dali a pouco voltou a abordar-me “Desculpa aquilo de há bocado, não sabia que eras amigo da Joana” ao que eu lhe respondi “quer dizer que por ser amigo da Joana já posso vir para o bar de fato?!” ela encolheu os ombros sorriu e virou costas.

É lógico que este tipo de preconceito me faz ficar furioso. Eu tento ser uma pessoa correcta e bem-educada e depois levo com isto.

Mas isto não foi o pior. Entretanto chegou a polícia e fomos todos postos lá fora. Quando estava na fila para pagar um tipo de camisola caveada mete-se comigo e com os meus colegas. Começamos com aqueles aparvalhanços de fim de noite, mas muito tranquilo, até que ele se vira para mim e diz “Mas olha, achas que havia necessidade de vir assim para aqui com o teu fatinho à Al Capone, camisinha branca, gravata vermelha, lenço e botões de punho a condizer?!”

Vi isto como uma provocação, mas como nem parto muito para a ignorância resolvi responder-lhe à letra “Desculpa lá, mas a minha paleta cromática afecta de alguma forma a tua visão estética do mundo?!” e ele dentro da sua camisola vermelha caveada, com um ar que tendia para a esquerda (parecia ser militante do bloco de esquerda) diz “Desculpa” e eu repito “Afecto de alguma forma a percepção estética da tua realidade reducionista?!”.
Ele aborrecido porque não tinha pedalada para a argumentação e o vocabulário usado, diz “Pensas lá por te vestires de fatinho podes vir para cima das pessoas com essas merdas?!” é claro que eu lhe expliquei calmamente, com toda a arrogância que quem tinha começado com as merdas tinha sido ele e para rematar disse “Tu estás vestido como uma pessoa de esquerda mas a tua intolerância é toda de direita, extremamente à direita”. Nesta altura apareceu uma amiga que o levou, e ainda bem porque já lhe saltavam chispas dos olhos.

Não sei se o moço percebeu que lhe chamei fascista nas entrelinhas, mas no fundo se não o é, consegue disfarçar bem. Julgar as pessoas pela capa exterior não é a melhor atitude num mundo com tanta variedade cultural, e os que tem aspecto de mais tolerantes acabam por não o ser.
Se calhar estou a julgar uma pessoa que estava com os copos e fora de si, mas nem tenho o direito de o fazer, mas o que posso fazer é argumentar sempre que me deparar com uma situação semelhante.
Por tentar não perco nada.
Amie bem vinda!

domingo, 17 de julho de 2005

Jacarandá




Cedo descobri que as coisas não eram exactamente como pareciam. Todos os dias olhava pela janela e os ramos do jacarandá me indicavam as puras verdades e as deslavadas mentiras. Era o meu confessor, tutor e elucidador. Descansava-me olhar para ele e pensar nos degraus que ia subindo. Aos poucos descobria tudo o que havia para descobrir.

Tornara-me calculista por força das circunstâncias. A vida dera-me tanta bofetada e facada que modificara a minha forma de me relacionar com as pessoas.

A chama que acendera o rastilho havia sido ignada pela mesma mão eu tanta vez me fremitara de prazer. O que dá o bom também o tira e eu já o devia saber.

Estávamos em 1996 e o tempo era de alegria despreocupada. Eu era um adolescente acabado de ingressar na faculdade, e a maldade para mim não existia. Atirava-me de braços abertos para as mãos e corações de toda a gente e ignorava que me pudessem fazer mal, que tivessem inveja de mim, que secretamente me odiassem.

Por entre as frinchas da sociedade que me rodeava, espreitavam-me e planeavam, seguiam os meus passos e cozinhavam em lume brando o intento de me destruir.

Foi nessa altura que conheci Rebeca, essa odalisca de olhos verdes e pele escura. Foi como uma revelação para mim, pôs-me na câmara escura e encheu os meus dias de cor e as noites de amor.

Com jeito e paciência, ensinou-me os truques de bem fazer o amor. Professora paciente, com a experiência dos seus trinta e dois anos, consegui transformar a minha insegurança e timidez na pior coisa para ela e na melhor para mim. Tornei-me convencido e arrogante, e como sexo pede sempre mais sexo – as hormonas começam a fazer todas as provas olímpicas de saltos – comecei a trai-la com outras.

Muitas vezes chegava a casa sem vontade de fazer fosse o que fosse. Estava esgotado e farto de estar com ela, até que me encostou, com o seu corpo de comer e chorar por mais, à parede «ou eu ou elas» e eu burro fiquei com elas.

Passados dois meses voltei para ela. Satisfazia-me de todas as formas e completava-me, eu é que não o sabia antes. Só quando sentimos a falta de alguma coisa é que percebemos que não podemos viver sem ela, e com Rebeca assim foi. Passados dois anos de aparente felicidade, em que eu me moldei à sua imagem e, muito naturalmente, ela à minha, começou a acontecer aquilo que eu não estava à espera.

Continua aqui

quinta-feira, 14 de julho de 2005

Estas cenas em corrente!!!

Já tinha visto isto numa resma de blogs, mas agora tenho mesmo que entrar na onda devido ao desafio do Freddy. Então seja.

As minhas músicas preferidas:
1. Pregão da peixeira do Bolhão – executado pelas próprias.
2. Eu sou tuning e gosto – executado pelos carros dos próprios.
3. Buzinão em hora de ponta – executado pelos taxistas em greve.
4. Martelo pneumático em dó menor – executado por um trolha lá na escavação.
5. George Bush – executado por fuzilamento de tomates podres.

Já está, e com não acredito nestas cenas (maldições e afins das cartas em corrente) que vou deixar de comer bolinhos de bacalhau durante um ano e tal e coisa e o camandro, não vou passar isto para ninguém.
Tenho dito.

quarta-feira, 13 de julho de 2005

Pesquisa Google Images

Onde moras?

Recolha de Francos.

Acho que vai haver filas de trânsito.

Depois de uma noite de copos, resolvi fazer uma pesquisa. Imaginem a minha surpresa quando me sairam estas pérolas!

terça-feira, 12 de julho de 2005

O Congro



Nada um gajo a vida toda para acabar nisto!


Este fim-de-semana, estando eu a partilhar umas garrafas de vinho com o meu pai e os meus irmãos, o meu progenitor, contou uma história, digna de registo, que se passou em Viana do Castelo com uma peixeira.

Quando falamos ou ouvimos falar de peixeiras, ficamos, automaticamente, com aquela imagem pré definida da broeira que trabalha nas bancas do Bolhão e dá beijinhos aos políticos – não sei se eles gostam de ficar lambuzados e com os ouvidos em ferida “ò dôtore que gosto taunto de u ber na telebisom” (ler com voz esganiçada) – e descansem que não vos vou desiludir, as peixeiras de Viana são iguais às de todos os outros sítios.

De facto, até acho que as de Londres devem ser feitas do mesmo bloco, só com um sotaque mais polido e afectado “my lord, do you want some badejo?!” – não faço a mínima ideia como se traduz isto para inglês – ou então “we have some fresh rodovalho, do you want it sire?”. Estes peixes têm cada nome…

Voltando ao que interessa. Esta ilustre representante da classe dos vendedores de peixe, entrou numa acesa discussão com um homem, não se sabe muito bem porquê, e no auge da discussão – depois da acção que vou narrar a seguir não houve mais argumentos – a senhora não tem mais nada, e saca de um congro, qual taco de basebol qual quê, e pimba, grande cacetada no pobre desgraçado, estendendo-o no meio do passeio (passeio ou paçeio) no meio do alcatrão.
O atingido, quando recuperou da agressão e da vergonha – abalroado por um peixe e agredido por uma mulher – resolve instaurar um processo em tribunal.

O Sr. Dr. Juiz e os advogados que acompanharam o processo devem ter-se borrado a rir com tão insólita situação, e quando chegou a altura da leitura da sentença, ainda mais se devem ter rido as pessoas que acompanhavam o processo.

O Juiz absolve a agressora, porque o Congro não se enquadrava em nenhum tipo de arma conhecida!
Já estou a ver o juiz “Bem só se eu a condenar por agressão com arma preta” e a engasgar-se com o riso.

Não sei se a história é real ou não, mas que me fartei de rir com isto lá isso fartei.
Se quiserem agredir alguém façam-no com um peixe!

segunda-feira, 11 de julho de 2005

Carnaval em Terceleiros


Este panegírico da realidade alternativa fez um aninho no passado sábado e eu faço hoje - e não é novidade nenhuma - 29.
Resultado, é o meu Carnaval, três dias de festa, porque ontem os meus sobrinhos pequenitos chegaram de França, aqueles destruidores, semeadores de pânico e caos, os meus Loki's de estimação.
Estou então muito, mas muito feliz!
Nunca cheguei a pensar que o blog chegasse a um ano. Sou pouco disciplinado, mas descobri que o vício da escrita me consegue organizar as ideias e disciplinar o que ao princípio parecia indisciplinável.
Quero então agradecer a todos os meus leitores o apoio, sem vocês eu não era nada, e um abraço especial para esse grande amigo e apoiante incondicional o Quiosk.

29 anos… não me sinto mais velho, mas é sempre a mesma coisa. É um dia como outro qualquer, que só serve para fazermos um balanço do que temos feito, e eu de tanto balançar já estou a ficar tonto!
Não me apetece fazer nada disso, o que me apetece é pegar nos amigos e beber umas cervejas!
Bute lá apanhar uma farda do tamanho do mundo!!!
E se eu fosse beber uma cerveja com o Terceleiros?!

sexta-feira, 8 de julho de 2005

Sinapses e sinopses


Trocamos as sinapses por sinopses e ficou assim!

Não resisto a isto! Tenho que escrever!!!
Sinapse: Região de contacto de dois neurónios ou células nervosas, através da qual passam os impulsos nervosos.

Sinopse: Síntese, resumo, resenha, sumário e mais alguns palavrões esquisitos.

Há pessoas que deviam trocar as sinapses por sinopses; outras deviam trocar as sinopses por sinapses.

O Fidel Castro devia trocar as suas sinapses por sinopses, talvez assim os seus discursos demorassem menos tempo!

Alguns livros deviam trocar as sinopses por sinapses, talvez assim se tornassem mais interessantes.

Quem teve a ideia peregrina de traduzir isto para holandês???

quinta-feira, 7 de julho de 2005

Cinzas

S. Tomé de Covelas - Douro

Um amigo do coração e da alma levou-me, à cerca de um mês, a visitar este sítio fantástico. Fiquei apaixonado e com o convite de lá voltar fiquei-me pela intenção.
Para grande pena minha, ontem, a margem esquerda ardeu e todo o verde que se vê foi sustituído pelo preto da cinza.

Por favor tenham atenção com as atitudes passíveis de provocar incêndios ou então vamos lembrar-nos destes paraísos só pelas fotografias.

quarta-feira, 6 de julho de 2005

Ovos


E embalagens de três?! Estes são esquisitos...

Alguém me explica porque raio é que vendem os ovos em caixas de seis?!
Será que é uma estratégia de marketing dos galináceos para vender mais? Tudo bem que ninguém compra um ovo, mas se eu quisesse comprar só um ovo como seria? Não me venham dizer que as galinhas põem seis ovos de cada vez que eu não acredito. Já para pôr um vêem-se aflitas!

Justifiquem-se com “ninguém no seu perfeito juízo compra só um ovo” mas eu quero comprar só um. Prezo muito a unidade e acho que é um desrespeito para com esta quantidade venderem os ovos em caixas de seis.

Nos restaurantes, quando pedimos um bife com um ovo a cavalo, vem só um ovo. Tenho a certeza que as embalagens de um só ovo estão a ser sugadas pelos restaurantes. É mais fácil de armazenar e assim os outros cinco não se estragam, ou já apanharam algum ovo choco num restaurante?! Mas em casa já, tenho quase a certeza absoluta!
Expliquem-me lá porque não há embalagens de um só ovo!

terça-feira, 5 de julho de 2005

5 de Julho de 1975


Este já não é o meu super herói!

Quando era miúdo, lia e relia todos os livros do Capitão América, Homem Aranha, X-Men e muitos mais. Eram os meus super heróis e tu bem os sabias. Fui crescendo e conheci outros, o Pai, a Mãe, o Mestre e… Tu.

Foste sempre um exemplo, uma referência, ouvia a música que ouvias, lia o que lias, ria-me do que rias e ficava sentido por não te rires do que eu dizia como eu me ria do que tu dizias – quanto a isso sempre foste um pedante disfarçado, com uma vontade de rir mas afinal para que servem os irmãos mais velhos?!

Ainda hoje ages da mesma forma, se bem que de vez em quando lá te escape a gargalhada, a diferença é que já te fiz a folha.

Gostava das histórias que me contavas, da tua vida académica em Coimbra, das conversas que tínhamos – não me lembro bem sobre quê - gostava de te ter perto de mim.

Não gostava que evitasses chegar junto comigo à escola, nem que me ignorasses quando estavas com os teus amigos, mas no fundo sabia que tinhas orgulho em mim como eu tinha e tenho em ti.
Já mais velhos descobrimos a cumplicidade que diverte toda a gente. É bom fazer equipa contigo, só é pena que não seja mais frequente.

Tu e o resto dos manos preencheram muitas horas da minha vida, tornando a minha infância em algo invejável, mas tu, sabes bem que foste e serás sempre um super herói!

Parabéns!

P.S. 1 - Hoje estive no Café do Cais, lembras-te?
P.S. 2 - Obrigado pela contribuição para aquilo em que me tornei hoje.

segunda-feira, 4 de julho de 2005

Despedida de Solteiro


Só queria que a minha fosse assim...

Meus amigos: faltam poucos dias para esta espécie de sanatório festejar o seu primeiro aniversário. De facto a 9 de Julho de 2004 apareceu pela primeira vez alguma coisa escrita na World Wide Web. Tomei-lhe o gosto e deu nisto.
Daqui a 5 dias tragam as sardinhas e o vinho e umas febras para mim, que não gosto de sardinhas, e fazemos cá a festa!
Mas não era isto que queria postar.

Este fim-de-semana estive numa despedida de solteiro de um dos amigos que se agarrou ao meu coração e não quer mais largar, o raio da lapa. Se estiveres a ler isto, que vais ler de certeza, sabe que estás cá e não te vou deixar sair.

O que é certo é que não alinhamos naquelas mariquices, ou deverei dizer machistices, de ir jantar e depois ir todos para um bar de strip ou mesmo um bordel. Como achámos que essas coisas só fazem sentido para quem tem uma vida sexual de MERDA, e como estamos bem satisfeitos com a nossa libido, optamos por uma coisa mais à gajo.
Pegámos em nós e bora lá dar uns tirinhos com bolinhas de tinta. Brincar aos cáubois com armas mais ou menos a sério.

É claro que aquilo foi tudo menos justo. 11 marmelos contra 2 e vimo-nos desgraçados para ganhar, e depois ficamos todos contentes por os termos morto. 11 contra 2, acham isto normal?!
Depois de tombos e mais tombos, pisadelas que parecem chupões, e braços cortados, chouriço assado e bons alvarinhos, ainda não estamos cansados de ser miúdos.
Esta cena dos tiros parecerem chupões dão muito jeito. Quando quiserem ir para a rambóia digam que vão jogar paintball eheheheheh!

“Bora lá para a Maia e jogamos um Indoorzito”. Uma hora foi o suficiente para ficarmos todos com os bofes de fora. Para além dos hematomas que angariáramos no Paintball, toca a juntar umas cacetadas – desculpa lá ò Berto, foi mesmo sem querer – e umas quedas aparatosas (para descansar os pulmões).

Francesinha ao jantar é de homem, e muita cerveja também. Uns croft’s, mais umas cervejas, e mais uns croft’s e quando damos por ela estamos todos bêbados. E vimos para casa a braços.
As melhores são no S. Nicolau e no Encontro

Moral da história: Eu não sirvo para esta vida saudável; estive 22 horas a recuperar (a dormir); ficámos todos pisados e doridos; ainda bem que o casamento é daqui a duas semanas, senão para reconhecer os convidados do noivo era muito fácil, eram os que tinham escoriações.

Amigo noivo, quase casado: és e serás sempre aquele amigo especial que vai ouvir todas as coisas da minha boca e falar de tudo aos meus ouvidos. Não posso esquecer tudo o que já passámos juntos e não posso prever aquilo que vamos passar no futuro, mas uma coisa é certa, vamos ser como os velhotes dos marretas.

Abraço

P.S. Não te enuncies por favor .

sexta-feira, 1 de julho de 2005

Haxixe V


Olha a capa italiana...

Acerca do “Velho da montanha” Hugo Pratt põe na boca de Corto Maltese:

«Mais a Sul, mas montanhas, vivia há muito tempo um povo sarraceno, os Hashãshins, na sua língua, “os segnors de montagna” na dos latinos. Esse povo vivia sem lei.
Alimentava-se carne de porco, apesar do Corão, e abusava de todas as suas mulheres sem distinções, incluindo as suas mães e irmãs.

Nessas montanhas, entrincheirados nos seus castelos fortificados, eram inexpugnáveis. O seu chefe inspirava grande receio quer nos príncipes sarracenos seus vizinhos quer ao aos mais distantes, assim como aos senhores cristãos das fronteiras.
Tudo isso porque os liquidava de um modo bastante original…

Esse chefe, de nome Aladino, possuía, encerrado entre duas montanhas, um vale chamado Alamuth, e tinha-o transformado num maravilhoso jardim com magníficos palácios, fontes de vinho, leite e mel. Aí lindas mulheres tocavam música, dançavam e cultivavam todas as artes do amor…»
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Alamuth
.
Continua
Drogas anteriores: