sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Catalunha!

Casa dos meus pais, 11 da manhã, hoje.

Toca-me o telefone e vejo o toque mágico das holandas:

- Hello Ricardo, this is Miranne from (empresa que não posso dizer o nome).
Eu já sabia que me ia ligar, era uma questão de tempo. Tínhamos que combinar os detalhes para o trabalho que se avizinha.
- Olha, já cá tenho os teus dados para marcar o voo para Barcelona, só me falta mesmo saber de onde queres voar.
- De Copenhaga, pode ser?
- Copenhaga, estás em Copenhaga?
- Claro que não! Sabes muito bem que voo sempre do Porto, não percebo é porque me estás a fazer essa pergunta.
- Desculpa, foi mesmo uma pergunta estúpida.


Bem, o que é certo é que na terça-feira de manhã tenho um voo marcado para Barcelona e vou estar um mês sem poder actualizar este panegírico de realidades alternativas.

Mais ainda, façam o favor de não me enviar mails que eu não respondo; para onde vou não tenho acesso à internet, por isso até à minha volta cerca de 18 de Março.

O Senhor Gaudêncio que se cuide



Até à minha volta!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

5

A pedido da Rita (encravaste-me!)

5 Traços de Personalidade (Nem sei se tenho isto)

1 - Sou completamente impulsivo (se me apetecer tirar a roupa toda no Sudoeste é isso que faço!)
2 - Sou louco (Para escrever as coisas que escrevo só posso ser)
3 - Sincero (quando posso e me deixam - Não gosto nada que me convidem para cadeias!)
4 - Carinhoso para quem merece FDP para quem merece!
5 - Esquizofrénico assumido (as pessoas não sabem se devem rir ou chorar com as coisas que digo)

5 Hábitos estranhos

1 - Enrolar a pratinha do tabaco com o plástico - Sempre!
2 - Acordar a resmungar (quando não acompanhado pela companhia certa)
3 - Beber sempre cerveja pela garrafa (à trolha!)
4 - Insistir em ter objectos que não funcionam (como o meu Zippo)
5 - Alinhar em cenas de cadeia embora choquem com a minha religião!

5 desgraçados a quem vou passar isto:

Posso ficar cem anos sem dar uma mas não passo a ninguém!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Portugal em Coma Profundo #2 O Comboio

Sempre gostei de viajar de comboio. Os outros transportes públicos fazem-me confusão mas o Quim deixa-me à vontade.

Tem espaço para as pernas (os autocarros são feitos para anões, eu com o meu metro e oitenta e um vejo-me desgraçado para caber naquele espaço), dá para esticar as pernas, para ler, para fumar um cigarro (já deu, agora é proibido) e não há perigo de um qualquer condutor provocar um acidente, afinal é só manter a máquina dentro dos carris.

Podemos conhecer montes de pessoas, é muito fácil, em especial naqueles que tem os bancos virados uns para os outros. Olha-se com interesse para a pessoa da frente, diz-se “ah e tal parece que vai chover” e passado pouco já se arranjou companhia.

Há uma espécie que é indissociável dos comboios, devido às tarifas reduzidas, os militares, vulgo “tropas”. Pelas histórias que ouço do meu pai (que foi paraquedista) no tempo dele é que era: porrada entre marinha e paraquedistas, feijões verdes (infantaria), era uma festa. Até combinavam. Agora hoje…

Já há uns anos que viajo de comboio e há coisas que não mudam. Os militares são uma coisa à parte. Andam sempre em rebanho, carregados de tralha e onde entram acabam logo com o sossego do resto das pessoas.

Sempre acreditei que só os cristãos novos é que podiam ir para a tropa porque afinal tem todos nomes de objectos. Tratam-se todos pelo apelido Oliveira, Castanheira, Silva, Laranjeira, Fogareiro. Nunca conheci nenhum tropa chamado Telles de Menezes, Marialva, Alenquer, o que me faz pensar que só a raia miúda é que vai cumprir o serviço militar. Os mancebos com nome mais elaborado vão logo para oficiais. Tenho a secreta certeza que é para não melindrar os instrutores.

Olhem lá se eu fosse para a tropa, dois minutos depois estava toda a gente a rir-se à gargalhada com as tentativas frustradas do senhor instrutor dizer o meu nome:

- Ó Treceleirus!
- Terceleiros meu primeiro.
- Ou isso.
Já para não falar dos serviços administrativos (ehehehehhe).

Outra coisa que me faz confusão: “Sim meu primeiro”. Primeiro quê? O primeiro a comer na cantina, o primeiro a mandar toda a gente fazer 3564 flexões?! Não percebo.

Também se dedicam a insultar e a ameaçar os superiores lá da caserna:
“Se apanho o sargento Tainha num canto escuro limpo-lhe o sebo, aquele filho da puta!”. Tudo em vão, parece que faz parte da cartilha dos recos.

A idade conta, estão naquela fase em que as hormonas começam a ficar irrequietas, graças a isto, têm a genitália muito perto da boca e cá vai aço. Uma rapariga que se encontre entre os 15 e os 30 e poucos é logo alvo de uma tentativa de graça (invariavelmente é desgraça), cá vem o galanteio fácil. Atrevo-me a dizer mais, basta ser uma mulher para os senhores se porem logo com coisas. Se por acaso a menina tiver uma saia com uma racha mais perto da homónima, a hipótese da qualidade e quantidade de bocas, centuplica. Note-se que é neste momento que estes senhores se parecem mais com lobos, atacam sempre em alcateia, um sozinho não se atreve a abrir a boca.

A seguir vem a praga dos telemóveis. Sempre que sai um modelo novo, lá vem eles comparar, toques, wallpapers, fotografias, enfim tudo. O militar é especialmente apto em relação a este tipo de equipamento. Conhecem tão bem todas as suas funcionalidades como conhecem a sua G3. Estou convencido que eles são os principais e únicos clientes dos 3939, 4002 e 6969.
“Envia ração de combate para o 4343 e receberás wallpapers camuflados no teu telemóvel”.

O tempo faz com que as coisas mudem um pouco. A nova moda são os computadores portáteis. De início é comprado para descarregar as fotos 41x41 pixel do telemóvel. Depois começam a comprar acessórios, pen drive, microfone, impressora, rato sem fios, gravador externo de DVD, placa wireless de infravermelhos para não usar cabos a passar as fotos… You name it!
Tudo isto é patrocinado pelo finório lá do quartel, o primeiro-cabo Azevinho, que só não vende a mãe porque ainda não encontrou o recibo.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Rua 5

E foram pacientes até que não se contiveram mais. Passavam a noite a produzir o amor e a manhã a discutir o que iam lendo. Ele alimentava-a com o que ia escrevendo e ela alimentava-lhe a inspiração com o que sentia. Ela chamava-lhe Garfield, porque só comia, dormia e escrevia. Raras eram a vezes que saía de casa. Os textos para a revista da faculdade mandava-os por Email, o tabaco chegava-lhe a casa pelas mãos dela e o amor compelia-o a fazer exercício, o melhor dos exercícios.

Passavam a vida a rir e eram felizes com a vida que tinham.

Ela gabava-lhe a inteligência e ele gabava-lhe o corpo. Valera a pena a espera, o troféu por que tanto esperara estava ali nos seus braços, para sempre, pelo menos julgava ele. Mas o ser humano é um ser muito estranho e toda aquela felicidade começou a fazer-lhe confusão. Voltou aos seus antigos contactos e começou a sair à noite.

Na altura o Grupo frequentava um dos mais conhecidos tascos da cidade.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Rua 4

- Eu? - Seguira a história com um brilho crescente nos olhos e percebera que a história que lhe estava a ser declamada por aquele gigante moreno, tinha algo a ver com ela. As suas histórias já se haviam cruzado numa das encruzilhadas do Destino.
- Minha doce Rita… se soubesses quantas vezes sonhei contigo e qual teria sido o teu percurso… Sonhei milhares de vezes com o teu sorriso, com a tua cara e as palavras a brotarem dos teus lábios em torrentes contínuas de sentimentos que me atingiam no eixo do coração.
Sonhei, escrevi, descrevi idealizei-te e aqui estás, sem dúvida muito melhor que o produto da minha imaginação, porque és de carne e osso e não um sonho que quando acaba nunca é retomado como querias porque não tens controle sobre o teu inconsciente…
- Nunca pensei que podia despertar paixões deste tipo… Nunca ninguém me tinha dito o que disseste de uma forma tão apaixonada como tu. De qualquer das formas também eu perdi o contacto contigo Miguel, gostava de voltar a conhecer-te com o risco implícito que corremos, que é conhecer um homem e não um miúdo. A alegria do reencontro pode envenenar-nos mas vamos com calma. Do futuro ainda ninguém mandou cartas por isso vamos ser pacientes.