sexta-feira, 23 de junho de 2006

IP'S

E sempre foi estranha a relação incontida e insuficiente que espreitava entre momentos frequentes. Sempre lhe estivera enraizada na memória a inevitabilidade da proibição da mistura laboral/amorosa.

Os dias eram agradáveis e deixavam, no entanto, algo (muito) a desejar. Olhava para ele com olhos de desejo que combatia com o misto de amoródio.

Joana-Alta, trabalhava na área das finanças. Conhecia Miguel-Moreno, como um número, mais um do rol dos trabalhadores independentes.

Estava inserido nos Livre Pensadores, tudo o que era esperado dele era que pensasse sem recurso a grilhões intelectuais. Podia muito bem ser integrado nos Pensadores Temáticos (cingidos só a um tema de pensamento), bem como nos Micro Pensadores (esmiuçavam o trabalho dos temáticos), ou então nos Pensadores Aleatórios ou brainstormers (todos os dias tinham temas diferentes de modo a que tivessem as ideias mais brilhantes).

Os Psicotécnicos indicaram-no como Livre Pensador por muitas razões sobressaindo uma, a grande quantidade de irídio no sangue.

A concentração de irídio definia a polivalência do indivíduo e Miguel-Alto, tinha-o em enormes quantidades, e não deveria ser contido nas gaiolas da obrigação.

Concentração de irídio no sangue definia possibilidades físicas fora da média, presente nos melhores desportistas.

Joana-Alta, tinha irídio na carteira, em lado nenhum do corpo, só nos acessórios, e não se interessava minimamente pelos Iridas-Positivos – a educação causara-lhe isso.

Uma anomalia financeira na folha de pagamento de Miguel-Moreno, fez com que tudo mudasse.

2 comentários:

Humor Negro disse...

Que bela descrição. Tu tens andado um bocado preguiçoso. Será influência dos laranjinhas? ;-)
Abraço

noasfalto disse...

Quem me dera ter um pouo mais de irídio no sangue...
Abraço