terça-feira, 15 de março de 2005

Não sei que mais escrever

Foi exactamente naquele dia de Janeiro que as coisas começaram a aquecer. Saíra de casa com uma vontade de se desintegrar em mil pedaços. Não fazia sentido nenhum o que tentara escrever. Como escritor que era, a escrita é que lhe dava de comer, e sem fazer sentido, não ia muito longe. Tentou organizar as ideias e compreender o que estava mal, mas não conseguia.
Seguiu rua fora, com os camiões, a alta velocidade, a deslocar-lhe o centro de gravidade e a afastar os insistentes mosquitos que proliferavam junto à sua casa. Sentou-se na pastelaria do costume e começou a rabiscar as primeiras palavras, e deixou-se entrar numa imobilidade introspectiva que costumava obter o efeito desejado.

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