O vento começa a arrepiar-me, os póros reagem e expelem os pêlos fazendo-os eriçar como pinheiros nórdicos cercados de neve. Mastigo grãos de areia finos, muito finos e olho com estranheza para os restos da minha refeição: uma casca de banana, um frasco de yogurte líquido que serve de cinzeiro ao suplemento alimentar de seu nome Marlboro.
Meio maço de tabaco em três horas de praia e a parangona de um filme "Me Myself and I"; será de um livro?! Não tenho a certeza nem Google para o comprovar. Passo.
Quatro da tarde e a irrealidade solar escalda-me as ideias convencendo-me a seguir o pequeno trilho por entre as dunas. Nada parece convincente e luto com punhais de prata contra os pensamentos que me invadem aos poucos.
Estilhaços de vida cravam-se na pele devolvendo-me à realidade. O toque de telemóvel já começa a irritar (tenho que o mudar), bem como certas pessoas circulam e circundam a minha carcaça gangrenada como mosquitos à volta de uma lâmpada demasiado luminosa. Desejo, secretamente, que o meu toque as queime, mas para já não é possível; talvez com palavras...
Atendo. Do outro lado, a uma rede nove três de distância, uma voz sobrenatural de cama disseca as palavras.
- Olá Miguel.
Respondo com estranheza e cuspe castanho, defensivo.
- Com quem estou a falar?!
- 10 anos atrás, morena, olhos verdes, perdeste a virgindade comigo.
Lembro o dia a hora, o cheiro, o cadeirão castanho, os livros no chão, a dor transmutada em prazer, a comunhão e todas as lamechices intrínsecas. Recordo o nome.
- Júlia...
- Depois de tantas ainda te lembras... Acho que fico contente com isso, afinal a primeira nunca se esquece.
A história foi complicada mas está bem fresca na minha memória. Sinto a língua entumescida com sabor a Pato Pequim.
- Confesso que me deixaste surpreendido, quase sem palavras e isso é um pouco difícil nowadays.
- Guarda as tuas palavras para depois. O que interessa é que quero ver-te, temos que conversar.
Meio maço de tabaco em três horas de praia e a parangona de um filme "Me Myself and I"; será de um livro?! Não tenho a certeza nem Google para o comprovar. Passo.
Quatro da tarde e a irrealidade solar escalda-me as ideias convencendo-me a seguir o pequeno trilho por entre as dunas. Nada parece convincente e luto com punhais de prata contra os pensamentos que me invadem aos poucos.
Estilhaços de vida cravam-se na pele devolvendo-me à realidade. O toque de telemóvel já começa a irritar (tenho que o mudar), bem como certas pessoas circulam e circundam a minha carcaça gangrenada como mosquitos à volta de uma lâmpada demasiado luminosa. Desejo, secretamente, que o meu toque as queime, mas para já não é possível; talvez com palavras...
Atendo. Do outro lado, a uma rede nove três de distância, uma voz sobrenatural de cama disseca as palavras.
- Olá Miguel.
Respondo com estranheza e cuspe castanho, defensivo.
- Com quem estou a falar?!
- 10 anos atrás, morena, olhos verdes, perdeste a virgindade comigo.
Lembro o dia a hora, o cheiro, o cadeirão castanho, os livros no chão, a dor transmutada em prazer, a comunhão e todas as lamechices intrínsecas. Recordo o nome.
- Júlia...
- Depois de tantas ainda te lembras... Acho que fico contente com isso, afinal a primeira nunca se esquece.
A história foi complicada mas está bem fresca na minha memória. Sinto a língua entumescida com sabor a Pato Pequim.
- Confesso que me deixaste surpreendido, quase sem palavras e isso é um pouco difícil nowadays.
- Guarda as tuas palavras para depois. O que interessa é que quero ver-te, temos que conversar.
5 comentários:
...huuummmmm.... suspense... que terá a Júlia para dizer... não percam o próximo episódio de new born, uma novela de Miguel de Terceleiros ;-)
Um abraço
A nossa primeira morte!...ainda me lembro, um dia destes posso contar como foi!...
Já agora o Tão não está por aqui?
uai, isto começa a ficar misterioso, vou voltar p/saber....
Continuo a achar a tua escrita envolvente, sai do blog e escreve um amigo ( um livro como tu os chamas e muito bem) e deixa-te conquistar.........
um beijo aloevera
Confesso que a desilusão me assola. 10 anos depois???? Qué qué isto? Foi assim tão mau? :)
Um abração vadio
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