New Born
New Born (parte dois)
- Qualquer pessoa que saiba bater com a língua nos dentes sabe disso.
- Isso é uma forma encapuçada de ironia, ou estou enganado?
- Não é uma forma de ironia, só estou a dizer que devias dar mais atenção a essas coisas. Passas a vida a queixar-te que ninguém te liga e no entanto és tu que mais contribuis para isso. A tua vida sempre foi uma maré, a única diferença é que não tem ciclos de seis horas.
- Mas isso não vem ao caso. Não era disso que estavamos a falar. Tens a mania de me interromper com essas considerações existencialistas, clínicas e dissectivas da minha personalidade e depois não consigo contar-te aquilo que me vai assombrando a existência.
- Coitadinho do menino, não o deixam falar... Essa linguagem pseudo dá-me vontade de rir. Porque não usas termos simples; porque é que passas a vida a usar palavras que são desnecessárias? Se fosses mais simplista, é provável que os teus grandes dramas se transformassem em comédia ou situações banais.
- Achas mesmo que sou assim dramático?
- Tenho a certeza absoluta. Conheço-te há tempo demais para saber disso, ou melhor, intuir. Sei que inventas estas situações para te sentires pior do que devias; pensas que assim consegues manter o cérebro activo, quando no fundo é mais simples ler Nietsche.
- Pronto, és capaz de ter razão mas como já te disse isso não interessa. Sabes quem é que me telefonou?!
- Ora deixa-me adivinhar... Não foi o Papa, nem o Bush, por isso deve ter sido uma gaja.
- Como é que adivinhaste?! Nem parece teu.
- Cala-te mas é, aliás, diz lá quem foi.
- Não é que mereças, mas ainda assim vou-te dizer: a Júlia.
- Ora bem, Júlia... Não posso, A Júlia?!
- Essa mesmo, a femme fatale, a verdadeira e única.
- Depois destes anos todos e de todas as confusões que tu arranjaste como .é que ela se lembrou de te ligar; logo agora?
- Não me perguntes porque para mim ainda é um mistério. Ligou-me ontem e, como deves imaginar, fiquei abananado. Tinha ido até à praia, a minha volta de bicicleta para descomprimir
- E deprimir.
- Para descomprimir e ela ligou. Disse que quer falar comigo.
- Só isso?
- Sim, só isso.
- Nenhum episódio rocambolesco, nenhuma cena de sangue?
- Nada. Mais nada.
- E tu não lhe ligaste de volta nem mandaste mensagens a dizer és o Amor da minha vida?
- Poupa-me a esses sarcasmos de algibeira.
- Isso ficava melhor em inglês; Pocket Sarcasm.
- Pois ficava mas mesmo assim poupa-me.
New Born (parte dois)
- Qualquer pessoa que saiba bater com a língua nos dentes sabe disso.
- Isso é uma forma encapuçada de ironia, ou estou enganado?
- Não é uma forma de ironia, só estou a dizer que devias dar mais atenção a essas coisas. Passas a vida a queixar-te que ninguém te liga e no entanto és tu que mais contribuis para isso. A tua vida sempre foi uma maré, a única diferença é que não tem ciclos de seis horas.
- Mas isso não vem ao caso. Não era disso que estavamos a falar. Tens a mania de me interromper com essas considerações existencialistas, clínicas e dissectivas da minha personalidade e depois não consigo contar-te aquilo que me vai assombrando a existência.
- Coitadinho do menino, não o deixam falar... Essa linguagem pseudo dá-me vontade de rir. Porque não usas termos simples; porque é que passas a vida a usar palavras que são desnecessárias? Se fosses mais simplista, é provável que os teus grandes dramas se transformassem em comédia ou situações banais.
- Achas mesmo que sou assim dramático?
- Tenho a certeza absoluta. Conheço-te há tempo demais para saber disso, ou melhor, intuir. Sei que inventas estas situações para te sentires pior do que devias; pensas que assim consegues manter o cérebro activo, quando no fundo é mais simples ler Nietsche.
- Pronto, és capaz de ter razão mas como já te disse isso não interessa. Sabes quem é que me telefonou?!
- Ora deixa-me adivinhar... Não foi o Papa, nem o Bush, por isso deve ter sido uma gaja.
- Como é que adivinhaste?! Nem parece teu.
- Cala-te mas é, aliás, diz lá quem foi.
- Não é que mereças, mas ainda assim vou-te dizer: a Júlia.
- Ora bem, Júlia... Não posso, A Júlia?!
- Essa mesmo, a femme fatale, a verdadeira e única.
- Depois destes anos todos e de todas as confusões que tu arranjaste como .é que ela se lembrou de te ligar; logo agora?
- Não me perguntes porque para mim ainda é um mistério. Ligou-me ontem e, como deves imaginar, fiquei abananado. Tinha ido até à praia, a minha volta de bicicleta para descomprimir
- E deprimir.
- Para descomprimir e ela ligou. Disse que quer falar comigo.
- Só isso?
- Sim, só isso.
- Nenhum episódio rocambolesco, nenhuma cena de sangue?
- Nada. Mais nada.
- E tu não lhe ligaste de volta nem mandaste mensagens a dizer és o Amor da minha vida?
- Poupa-me a esses sarcasmos de algibeira.
- Isso ficava melhor em inglês; Pocket Sarcasm.
- Pois ficava mas mesmo assim poupa-me.
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