sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

Documento 1




O início das histórias dita-lhe o fim prematuro. Quando nos propomos a contar um qualquer episódio, é certo, que à partida já lhe traçámos o fim. Nada nasce por obra do acaso e nada termina sem que o fim esteja já implícito no seu início.

Não vou ser pretensioso e criar uma excepção à regra; afinal já sei o fim disto.

Tudo começou há muito tempo atrás, pelo menos assim me parece. É difícil conter as lágrimas enquanto escrevo, e afinal o que vou narrar não é assim tão triste para me abrir os sacos lacrimais.

Parênteses, a minha vida, bem como a escrita, é feita de parênteses, rectos, curvos, no fundo uma equação precoce, como outra qualquer, mas o que nos toca é sempre mais importante que o toca os outros.

Pimenta no cú dos outros para mim é refresco. Alguém me disse esta frase vezes sem conta; é assim, a nossa dor é sempre mais dolorosa que a dos outros, e não me venham cá com histórias, Compreendo, é fodido, isso passa… nós sabemos que somos egoístas, para quê disfarçar? Para quê?

Dói aqui e não é pêra doce e mais alguns chavões que não me lembro.

Era uma vez um escritor que se prendia em considerações abstractas e não desenvolvia, ele que sabia muito bem qual era o fim e início daquele segmento de recta e sadisticamente ia enrolando o novelo da realidade.

Decidiu-se a deixar de enganar as pessoas e vomitar as tripas e a alma, envolveladas em postas sumarentas de areia.

3 comentários:

Hugo Brito disse...

A técnica é conhecida, pelos antigos luzíos, por croquet veritas.
Abraço.

Crystalzinho disse...

Pois sim!! Gostei muito... Uma história verdadeiramente interessante e com um fim deveras surpreendente.
Cheia de suspense, sim senhora, fiquei todo o tempo a imaginar qual seria o final e conseguiste surprender.
Continua que assim, nunca ganharás nenhum prémio nobel.
Bjs

noasfalto disse...

e? o vómito?