Segui-a sem comprar um livro que fosse e observei com interesse as suas linhas, enquanto íamos falando de livros. Se tivesse uma armadura e um cavalo era uma Valquíria e sem dúvida que montaria como uma. Comecei a imaginar mil e uma coisas até que chegámos a sua casa.
Uma vivenda típica daquela zona com grades de ferro forjado dos finais do século XIX a proteger as janelas, azulejos art deco, uma porta única de entrada com um vitral fabuloso na bandeira, que mostrava uma cena de batalha entre harpias e homens. Sugestivo…
Levou-me para o seu quarto e pediu-me para esperar. A janela, ampla dava para as traseiras onde se via um jardim de buxo com aqueles desenhos espiralados típicos que só se conseguem fazer com este tipo de sebe, aliás quem viu um viu todos. Na parede do lado direito uma grande estante de mogno castanho mimetizava tomos castanhos de variadíssimos autores.
Comecei a percorre com o olhar os títulos, para perceber qual seria o Arché da rapariga. Tulcídides, Júlio César, S. Tomás de Aquino, S. Bento, Dante Aghlieri, Petrarca, Dumas, Salgari, Eça… e tantos mais que fiquei boquiaberto. Folheei os mais sonantes e vi uma série de anotações em vários tipos de caligrafia e descobri que pelo menos três pessoas haviam lido a maior parte dos livros. Pela data cheguei à conclusão que a minha recém desconhecida amiga tomava o nome de Jocasta. Nem de propósito caros amigos.
“Estou a ver que já descobriste a surpresa… mas vamos ver de que surpresa gostas mais”. Estava de roupão e com o cabelo preto preso à amazona. Aproximou-se e beijou-me e o meu corpo todo respondeu àquele toque. Começamos a tirar a roupa e com olhos delirantes descobri que ela cobrira todo o corpo com uma camada de latéx que a tornava ainda mais sensual do que já me parecia.
Ao passar as mãos pelo seu corpo descobri algo estranho, que não tinha o seio esquerdo como as amazonas que o cortavam para melhor poder atirar com o arco. Fiquei doido e tive a melhor tarde e noite e tarde e noite outra vez que já tive na minha vida. De vez em quando nos momentos de descanso a minha Valquíria dizia-me ao ouvido “Tu és o homem mais sábio que conheço em todos os campos” ao que eu lhe respondia “Enganaste-me bem com aquela conversa dos livros, e eu a pensar que te estava a ensinar alguma coisa…”.
Não quis saber porque não tinha seio, resolvi arquivar isso na minha mente como uma coincidência para fortalecer a minha fantasia Wagneriana.
“Como sempre excedeste-te! Não sabes escrever pouco? É sempre a mesma merda, preocupas-te demais com os pormenores e com os preliminares.”
“Deixa estar, se assim não fosse não era ele. É a puta da mania de que escreve numa revista, mas bem vistas as coisas só lhe fica bem.”
Tântalo saiu como era costume em defesa do ataque de Minotauro que tinha que meter a sua colherada crítica.
“Gostei muito daquele trocadilho entre o Cérbero e o cérebro. Achei de uma qualidade a toda a prova. Como raio é que te foste lembrar disso?”
“Pois é, isto não é para todos, isto de ser bom tem que se lhe diga!”
1 comentário:
Porra... há 2 meses nada....
Ass.: Picareta destruidora
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