segunda-feira, 26 de setembro de 2005

cris.pt


"O homicida" Munch - 1919

É luminosa. De carro vago as ruas que não o são na sua essência. Difusas, as paredes mostram o interior das casas. Não é vidro nem acrílico, antes uma sensação estranha tipo twilight zone. Onde circulo só vejo paredes que são transponíveis pelo meu olhar e o céu, que sei que está azul por cima de mim, é castanho cor de madeira. Descubro sem surpresa que é coberto a telha verde, não de cerâmica mas de algodão tingido por cobre.

A minha mente tempera o carro a electricidade para silenciar o incómodo que poderia atirar às pessoas que não existem dentro das casas.
Castanho, tudo o é à minha volta, e conforta-me. De uma bifurcação com sentido obrigatório vermelho com barra branca no centro sai um carro fantasma, atravesso-o e sinto-me frio na emoção, quente no corpo.

Corto a correia que me salva a vida e com a certeza que vou transpor um qualquer limite bocejo ao ver que nada acontece.
O inesperado faz-me sempre viver, mas agora sou deixado à ceifa. Amarelo como estou, vejo um foco de luz que me prepara para o que se segue e no entanto considero-me nulo, como cheio de toda informação mas sem os mecanismos para a manipular. Sou um computador sem sistema operativo.

Saio do carro que era e passou a bloco de gelo seco. Não me molha mas a minha transpiração cria cubos de fumo que corto com a minha linha de realidade aparente. Quebro-a e vejo uma árvore a correr na minha direcção. Não tem olhos e boca como eu esperava mas fala comigo em arvorês.
- Fica comigo e ama-me. Sente o que eu sinto e diz-me como crescer sem seiva, seca e mole. Feliz.

(Five minutes later after a fade to black)

Cut to the original text. Out of the movie but always important if you want to see it.

One thread of olive oil covers Leugim eye, left one and blinds him with white light. He needs a beer.
Get it now please, for the sake of your sanity.
A Nice Surprise
Messenger 1915
script
Leugim diz:
acordei,
Leugim diz:
tinha qualquer coisa na cabeça
Leugim diz:
e não sabia descodificar.
Kaim diz:
sim
Kaim diz:
e então...
Leugim diz:
continuava o sonho que estava a ter
Leugim diz:
entrava numa cidade com um carro barulhento
Leugim diz:
e descobria que as ruas eram o interior das casas.
Leugim diz:
o resto veio por acrescento
Leugim diz:
deu nisto.

12 comentários:

Poor disse...

delirante, asfixiante também...beijo, poeta!;)

Anónimo disse...

"Não me molha, mas a minha transpiração cria cubos de gêlo de fumo, os quais corto com a minha linha de realidade aparente"

Em "direito" a procura da verdade é sempre um objectivo constante e nunca um pressusposto. Fugir a esta realidade é querer-se algo de mais na vida, que é inantigivel e que só um sonho criará essa ilusão.Concordo com a expressão da Amie "delirante", já na sequencia do "clocKwise"

Anónimo disse...

Para completar o meu raciocinio anterior, lembro-te uma citação de André Maurois;
"Só há uma verdade absoluta; a de que a verdade é relativa!"

Um grande abraço

Sukie disse...

Muito bem escreves...

Hugo Brito disse...

Curioso esse efeito de transparência que transmites dsse sonho tão cheio de imagens. A inversão arquitectónica que sustentas brota a questão: a vida está dentro de nós ou à nossa volta, é porque não está, seguramente, em todo o lado.

Isto para a apreciação puramente literário da tua textualidade, é que o resto, como tu sabes, foi-me transmitido por ti em verbo e adjectivo no canal ar, ontem:)

noasfalto disse...

a nice suprise

Abraço

Anónimo disse...

Miguel

hugo brito said:"esse efeito de transparencia" eu diria "esse efeiro irreal".Logo "uma inversão" (não arquitectónica, mas sim construtiva)não fará "brotar" mas sim esconder o que quer que seja.Concluo que a "vida" está plena no teu interior fisico e psiquico!..E, seguramente, em todo o lado e à nossa volta!.Porque eu não notei qualquer inversão no teu discurso.

Abraço para ambos

Anónimo disse...

Rectificação

Onde se lê "efeiro" leia-se "efeito".

Hugo Brito disse...

Adriano: Disse-o devido a uma analogia simples e não sobre a hipótese de uma inversão literária.
Se num sonho vemos as paredes das casas transparentes e não está mais que vazio a despreenchê-las, onde está a nossa casa? Só isso. A seminal procura de um abrigo que se encontra vazio e despojado de afectividade. Interpretações não são mais do que isso, daí a plausibilidade da sua.Cumprimentos.

Anónimo disse...

Miguel
hugo brito

Esta troca de ideias (?) teria cabimento num "blog" especifico e alargado, onde de momento e porque (se o Govêrno não recuar) se aproximam dias concretos e intensos, não há espaço.

Ficamo-nos por aqui!.Mas fica uma verdade absoluta (não relativa):os aparentes desiquilibrios literários do Miguel resultam de uma tentativa pessoal de encontrar algo que o sublima ou o dignifique como "pessoa humana". E é de louvar!
Abraço ao Miguel e a si

Freddy disse...

Envolvente como uma anaconda...It only gets better...

Abraço da Zona Franca

Anónimo disse...

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