Dez minutos e muitos quilómetros depois, tinha ultrapassado dezasseis carruagens com esforço, devido ao balanço pendular imprimido pela velocidade do comboio aliada ao esforço dos carris em manterem o monstro metálico na linha.
Pedi uma cerveja e sentei-me no sofá semicircular que parecia retirado de uma casa de alterne. Dois goles na cerveja e entrou o reflexo da ruiva e um segundo bastou para o corpo se juntar à imagem. Olhou para mim e acenei-lhe com a cabeça.
Pediu uma cerveja e pensei “é cá das minhas”. Com um olhar sugestivo sentou-se no banco virado para o exterior. Pelo reflexo da janela íamos medindo forças, não desviávamos o olhar e com paciência tentávamos reconhecer no olhar alguma coisa que nos desse coragem para dar o primeiro passo.
Devem estar a pensar que estou a fazer filmes onde eles não existem e com frequência é assim... Quando necessitados vemos convites e sedução em todos os olhares e assim estava a acontecer.
Nem por momentos me lembrei que tinha namorada. A emoção de uma mulher nova, de uma conquista, corria já no meu sangue a toda a velocidade, ultrapassando o comboio.
Levantei-me e segui para o meu lugar. A covardia estava a conduzir-me, decidira não arriscar. Já perto da minha carruagem reparei no reflexo das portas que estava a ser seguido, por ela.
Abri a porta da casa de banho e vi os olhos dela a fixar-me. Entrou sem uma palavra, beijou-me avidamente e em frémitos de prazer desapertou-me as calças, levantei-lhe a saia de ganga…
Trezentos e trinta e sete gemidos depois, abri a porta e ouvi “podias ter sido mais discreto, ouvia-se na carruagem do bar”. Joelhada nos tomates, soco num olho, olhar de desdém para a saia amarrotada e foi-se, comigo atrás dela, a gemer agora de dor.
Perdoou-me.”
1 comentário:
Delicioso... simplesmente delicioso! Mijei-me a rir aqui em casa do Samuco!! Só cá faltavas tu... todos temos saudades do adubo que lanças com as palavras...
Ass.: Martelo Pneumático
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