segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

Sal e Pimenta

Não resisti! Tinha que pôr este quadro!
- És sempre assim tão resmungão?!
- Não, só quando estou bem disposto, fora esses raros momentos sou calado.

Meio-dia e o Sol teima em não aparecer. Estás mal disposto e há já três horas que grunhes, só grunhes.
Batem à porta e começas a arrepender-te de te teres mudado para a cidade. Abres de boxers com a bandeira a meia haste. A tua vizinha quer sal e pimenta, com um pijama tão decotado, que lhe consegues ver o umbigo. Pensas que ela quer festa mas faltam-te as grinaldas e os confetis.
- Susana, até te convidava para entrar mas o meu cão está um bocado nervoso, acho que é dos dentes.
- Mas agora tens um cão?
- Tenho e, coitado, sofre de bruxismo.
- Bruxismo?! Que é isso?
Um sorriso maroto desenha-se-lhe nos lábios.
- Quando está a dormir faz pressão com os dois maxilares e range os dentes. É uma chatice porque aquilo deve doer e ainda por cima eu não consigo dormir com a barulheira.
- Deve ser horrível.
- Pois deve, e também não ajuda muito o que lhe tenho andado a ler para adormecer. Acho que Schopenhauer é muito para ele, coitado.
- De que raça é?
- É um Castro Laboreiro.
- Se tivesses um schnauzer era capaz de resultar. Para um Castro Laboreiro, Miguel Torga é capaz de ser melhor…
Não achas que já está na altura de acabares esta conversa disparatada? Não queres nada com a moça, despacha-a.
- Pois, vou experimentar.
Infelizmente não tenho sal nem pimenta…
- Mas tens mortalhas? Estou mortinha por fumar um.
- Acho que se pode arranjar qualquer coisa.
Entras, mexes e remexes e apareces com as mortalhas e com a secreta esperança que ela não se ponha com ideias. Está à porta com o rabo espetado à procura de algo no átrio: as nádegas espreitam do pijama de Verão como um convite.
- Cá estão.
- Muito obrigado. Olha… Não queres vir até ali e fumamos um, que achas?
Olhas para o decote, pernas bem feitas, olhos de mel, nádegas frias e rijas (já sabes). Hesitas mas dizes:
- Susana… Acho que fica para a próxima, tenho que sair.
O desconsolo fica bem patente nos olhos dela.
- Está bem, mas é pena, é que a erva é mesmo boa.
Vira-te costas e tu fechas a porta. Encostas-te ainda hesitante. Ouves a voz dela na porta do 2º esquerdo.
- Boa tarde Zé. Não tens sal e pimenta que me emprestes?

12 comentários:

Miguel de Terceleiros disse...

É uma devassa é o que é!

Miguel de Terceleiros disse...

Menina Ana: Mimos há muitos , se é que me entende...

Miguel de Terceleiros disse...

Ana: explicar assim com palavras é difícil... se calhar com gestos (eu podia mimar) entendia.

Miguel de Terceleiros disse...

Para ontem! Deixe só vestir o meu fato e pintar a cara e já falamos!

Miguel de Terceleiros disse...

Arranje-me um pouco de base e eyeliner... Acabou-se-me!

Miguel de Terceleiros disse...

Deixe-me ligar para o Dr. Spock, ele trata já do teletransporte!

Miguel de Terceleiros disse...

Está mesmo tudo a dormir!
Acho que vamos ter que resolver isto numa janela de messenger!

Sukie disse...

Um homem que desdenha uma mulher com essa descrição? Humm...

Miguel de Terceleiros disse...

Rita: Desdenha porque pode e porque o deixam!

kiko disse...

Qé isto!?!?!? Coutada privativa!? Só dois a comentar!? É assim mesmo dona Rita, é postar bacalhaus!!! :D Abraçola meu menino d'oiro... é lindo o meu menino d'oiro!!!! É lindo comó sol em plena marginal ao final da tarde, quem vai para a foz e atravessa o rio... incandeia toda a gente... é do carvalho, é do carvalho qu'elas gostam mais, mais, mais, mais! Mamã, mamã mamã eu quero, mamã eu quero.... e venham mais cinco!!! Portugal Mix, compre já!

CS disse...

Ora toma, que é pra não seres convencido!

noasfalto disse...

Sal e pimenta e mortalhas e vizinhos...tá bonito tá!

Abraço