quinta-feira, 5 de janeiro de 2006

Time Bomb III


Adaptação flagrante de um quadro de Liechtenstein!
Vem daqui

Sentiu, com surpresa, algo a encostar-se aos rins.

- Não diga nada, isto é uma 35mm com silenciador. Qualquer gesto e já sabe, é como nos filmes.

A voz grossa, igual a tantas outras, induzia respeito, para não dizer medo. Decidiu obedecer mesmo sem compreender.

- Está a ver o carro preto que se aproxima? Abra a porta e entre.

Anui com a cabeça e quando o automóvel pára abre a porta e dá de caras com o orifício de outra automática, empunhada por uma loira dos seus trinta anos.

- Boa noite.

- Para mim não está a ser muito boa…

- Pode ser que melhore. Sabe porque está aqui?

- Não faço a mínima ideia mas suponho que não é para ir às compras.

- Não lhe falta o sentido de humor.

- Não, só o de orientação, e o de humor só o perco quando me oferecem flores; sei que me vão pedir alguma coisa a seguir.

- E um calibre 35 não?

- Não, antes pelo contrário, na pior das hipóteses ainda me dão qualquer coisa, umas onças de chumbo.

A loira sorri com a piada.

- Bem visto. Joga poker?

- Não mas, tive aulas de bluff com o James Woods.

O sarcasmo sempre foi o seu forte, e se era desta que ia morrer, o que não lhe parecia, ao menos que fosse com boa disposição.

- Minha senhora, se me enfiar uma bala no peito acredite que me vai fazer um favor.

- Nós não fazemos nada disso, isto – faz um gesto com a arma – é só para não se pôr com ideias. Relaxe, só quero ter uma conversa consigo.

- Ok. Vamos lá à conversa mas baixe o canhão. Com as estradas que temos aqui em Portugal ainda me acontece como no Pulp Fiction.

- Ah ah ah ah! Não consigo fazer com que perca a piada mas isso já eu sabia. Comecemos então pelo início. Eu sou uma das executoras de uma empresa que trabalha com pedidos especiais; chamemos-lhe Poço dos Desejos. Realizamos coisas que as pessoas não conseguem realizar.

- Como saltar de um comboio em andamento e sobreviver?!

- Nada disso, mas se a pessoa quiser…

- Eu gostava.

- Pois… Há uma semana atrás fomos contactados com um pedido que tem a ver consigo. Citando:

“Quais são as possibilidades de fazer desaparecer a pessoa §$%#%&?”

Deve compreender que havia um email, falso é claro, bem como informações detalhadas em relação a si. Respondemos ao mail e resolvemos saber se o encomendador estava mesmo disposto a prosseguir com o pedido.

- Não consegue marcar uma mesa para três no D. Tonho para discutirmos o assunto? A senhora podia ser a mediadora da conversa.

- Bem, não brinque. Já lá vamos. A pessoa em questão insiste em ficar anónima, mas não somos amadores e depois de uma troca de email’s marcámos um encontro físico.

- Sempre gostei de blind date’s.

- Compareceu ao encontro e seguiu as instruções à risca cumprindo a sua parte do acordo.

- Que era?

- Depositar uma determinada quantia numa conta cifrada e indetectável.

Compreende que neste momento temos a faca e o queijo na mão.

- Compreendo e quer dizer que em estão a levar a uma sapataria para me oferecer uns sapatos novos e servir de comida para os peixinhos.

Continua...

3 comentários:

noasfalto disse...

Para loira é muito esperta!

Continuo para onde?

Abraço

Freddy disse...

Kaboom, kaboom, kaboom...

Abraço grande da Zona Franca

Sukie disse...

To be continued...detestava quando isso me acontecia num filme interessante que estava a ver...