sexta-feira, 16 de julho de 2004

Os Forinhas

Voltámos à onda das críticas, sociais ou não, o que interessa é que transmitam algo de útil. Estava eu a beber as minhas cervejas de sábado à noite quando de repente surge à conversa um tema de que me orgulho de ter uma opinião muito crítica e por vezes muito cáustica. Os Forinhas.
O que são Forinhas, ainda me perguntava eu há poucos meses, já que todos os dias se criam novas terminologias, transformando palavras que deviam ser vulgarmente usadas, em palavras vulgares desprovidas de uso, porque é mais fahion dizer Forinhas em detrimento de deslocados. No fundo é o mesmo mas com muito mais estilo.
A juventude de hoje cria uma série de novas palavras, ou melhor, reinventa-as para fazer frente ao poder instituído. O que dizer do principal ninho de Forinhas do mundo, o Bloco de Esquerda. Aliás estou a meter os pés pelas mãos, porque os bloquistas não são Forinhas, são Pseudo-Forinhas, já que os Forinhas ingressam e engrossam, não muito, as fileiras do Partido Comunista Português.
Mas isto não é um artigo sobre política, nem é minha intenção dar-vos uma grande seca. Eu passo a explicar o que tentou a tentar dizer/escrever.
A sociedade é limitada e delimitada pelo conjunto social de pessoas que tem gostos, ideias, convenções e conveniências muito similares, bem como conceitos morais e hermenêuticos que não tem disparidades muito visíveis, comportando no seu tecido a noção de normalidade. Em suma é um bando de carneiros que come erva do mesmo prado, bebe no mesmo lago, caga no mesmo canto e é comido, depois de muito bem temperado, senão é um cheiro que não se aguenta, da mesma forma que os seus correligionários amigos, colegas, companheiros, palhaços, carneiros!
Estas pessoas ditas normais, que a partir de agora passamos a designar por Carneiros, tendem como todo o ser humano a etiquetar as pessoas que estão à sua volta com um título, que faz a clivagem cultural, social, you name it, de modo a poder haver diferenças. Agora é que vem os Forinhas.
O que são então os Forinhas? São todos aqueles deslocados que não se enquadram no tecido social normalmente aceite pela maioria. Ou seja são todos aqueles que não gostam de comer tomates de carneiro e não aguentam o cheiro a burro morto que a carne de carneiro exala antes e depois de morto.
Temos então o redil dos carneiros, vulgo sociedade, e fora do limite da linha que delimita o redil, denominada de linha de Fora, estão... os Forinhas. Percebem agora? Vestem de forma diferente, com roupas herdadas dos punk’s, skinheads, hippies, usam todo e qualquer item que seja minimamente étnico, põem dentro da misturadora, com umas rastas no cabelo com sebo quanto baste, uns piercings e voilá o Forinha. Filiam-se prioritariamente no PCP. Depois dá-lhes uma aragem e mudam para o Bloco, mas já lá vamos. Metem-se nas associações de estudantes, nos movimentos anti-praxe, na Greenpeace, no Movimento de Protecção das Cadelas que Têm Cio Seis Meses Ininterruptamente e Ninguém Lhes Liga Puto, etc. Frequentam bares que tem sempre uma instalação, uma exposição, uma performance, qualquer coisa, mesmo que seja atirar latas de sardinha vazias do quarto andar para a rua, desde que seja arte... têm namorados/as do mesmo anti-grupo social, geralmente nem carneiros de signo querem conhecer. Em resumo, são os idealistas que enchem as ruas de murais contestatários, que fazem manifestações antiglobalização, anti-guerra, anti-estáticas, que mandam email's a avisar que a coca-cola é um veneno, que compram a revista cânhamo, que se recusam a comer no MacDonald’s e todo e qualquer um deles enfiaria uma pinha em brasa no cu do Bush pelas merdas que tem andado a fazer.

-CONTINUA-

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