Narciso caminhava a passos largos, e quem o visse trajado e com um sorriso nos lábios indagaria o motivo de tão expressiva alegria que se divertia a difundir via telemóvel, no seu inglês fluente, para um receptor que até ele mesmo desconhecia.
Tinha tomado com hábito ligar para o seu voice-mail e contar toda a parafernália de ideias que lhe assolavam a cabeça. Condensava-as e falava com o seu amigo imaginário, no fundo o seu alter-ego, e mais tarde ouvia-se e colhia ideias para uma nova sementeira de palavras dispersas na revista literária da faculdade.
No fundo não era mais que uma fraude, fingia que estava inscrito, e como nunca ninguém lhe tinha pedido credenciais, frequentava aulas, organismos académicos e festas estudantis de pleno direito, com o peito inchado de vaidade e os tomates mirrados de medo.
Entrou no tasco para o encontro mensal que costumava ter com os colegas e grandes amigos, partilhantes de ideologias, ideias e ideais, já desde o primeiro ano.
1 comentário:
Do peito inchado aos tomates mirrados, vai uma pequena e ténue distância, não mais que palmo e meio de incosciência e meio palmo de irreverência!
Ass.: Martelo pneumático
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