O tempo está nublado e o sol que vai permeando os flocos de algodão no céu, ilumina algumas zonas do bosque dando-lhe uma coloração esquizofrénica, matizando as várias árvores de cores que não são de todo reais.
Os carvalhos, azinheiras, castanheiros e sobreiros, pejam o solo com as folhas douradas, reticuladas, caídas do Outono; estão húmidas e sentes a pontada familiar do reumático no joelho. Já estavas a precisar de espairecer e sempre soubeste que este sítio estranho, que transpira algo que não identificas, te deixa sempre mais tranquilo.
O mar está ali a cinquenta metros, sentes o sal na boca, o cheiro da maresia e o que mais te agrada, o som das ondas a bater nas rochas. Desde muito novo que vens aqui e patilhas os teus segredos com o mar e com a terra, invocando um velho rito pagão de partilha com os elementos. Há uns anos conseguiste conjugar o que te faltava.
Tiras um cigarro e lambes a superfície. Não é a primeira, nem será a última vez, juntas a pedra já queimada, minutos depois, invocas o fogo.
7 comentários:
Lembras-te do BodyBoard nos dias de Inverno?
Mar e Fogo, a força dos elementos?;-)
O Periférico invocou um new look, espero que gostes!
Um abraço
floral e introspectivo, muito bom mesmo, até porque mantém a sua indole mínima, nunca deixando de dizer muito, és tu, sem tirar nem por! Abraço
És tu, porque somos o que vemos, vivemos, sentimos e comemos! Somos o que comemos, dizem....
vivem em todos nós pequenos rituais... provavelmente alguns fazem parte das memórias de outros tempos...
Invocas o fogo? Mau...
A Comissão Reguladora das Actividades Pirómanas tem-te debaixo de olho. Estamos atentos.
penso que será um dos melhores que já escreveste.
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