Numa sociedade onde o Imperialismo machista já não é o que era, tendo ido juntar-se à tradição no mesmo ermitério, em grande parte devido ao fantasma da emancipação feminina, resolvi eu, vosso modesto escravo, acrescentar uma pérolas de sabedoria a uma das mais antigas actividades do mundo: o Coro, ou Coiro, como preferirem. Com a esperança que estas parcas linhas promovam o renascer do romantismo, dos jantares à luza das velas, das serenatas, da tentativa de seduzir a mulher mais feia do mundo sob o efeito do álcool, aqui vai.
Em primeiro há que definir este acto. É mais que lógico que não estamos a falar de um conjunto de pessoas que se junta para cantar, nem de uma parte arquitectónica de uma igreja. O Coro é antes de mais sinónimo de sedução. É a tentativa de convencer uma pessoa do sexo oposto ou não, a ter qualquer tipo de relação connosco, seja uma noite de copos, um beijo com todos, umas pequenas explorações tácteis (leia-se marmelada, em vernáculo), ou mesmo deliciar a outra parte, com a nossa vida super emocionante de lambedor de selos nos Correios.
Passemos então ao que interessa, como se faz!?
Vá para casa, tome banho, faça a barba ou a depilação, compre roupa peça emprestada. Por favor não tente exercitar o Coro depois de ter estado a cozinhar Tripas à Moda do Porto. Não coma cebola, nem peixe e muito menos alho. Saia à rua, vire à direita ou à esquerda, e dirija-se ao território de caça mais próximo (discotecas, bares, arraiais, etc.).
Chegado lá instale-se confortavelmente no balcão com um cotovelo apoiado, um cigarro no canto da boca e uma cerveja na mão correspondente ao braço que não estiver apoiado no balcão.
Fixe uma miúda feia. O quê, não quer!? Para chegar às bonitas e boazonas tem que se trabalhar, ou acha que quando entra numa empresa se passa logo a director? Tem que se começar por paquete ou algo do género. Olhe lá. Já está? Olhe para ela como se estivesse cheio de sono, com os olhos semicerrados. Quando ela olhar para si, pisque-lhe o olho esquerdo, já que está do lado do coração (é mais romântico mas elas nunca reparam no pormenor).
Ela não está a olhar? Ainda não reparou em si, não obstante a poça de baba em que o empregado escorregou? Deixe cair o copo. Ela está a olhar (esta resulta sempre), pisque o olho, pisque! Ah! Já reparou em si, olhou outra vez e sorriu-lhe ao reparar na sua subtil piscadela, mostrando uma dentadura perfeita se fecharmos os olhos à falta dos dentes laterais, mas veja o lado positivo, é uma porta para a sua alma. Vá ter com ela e aborde-a de uma forma muito subtil. Escreva num papel as seguintes frases:
- Como te chamas?
- Posso oferecer-te uma bebida?
- O teu apartamento é longe daqui?
- O que diriam os teus pais se te vissem na cama comigo?
- Sabias que os escaravelhos do Nilo fazem bolinhas com merda?
A aparente complexificação das frases não é casual, mas propositada. Note como a sua inteligência e desinibição parece evoluir de frase para frase. Se não levar uma bofetada entre questões continue, se chegar à última sem conseguir o que queria, é o mesmo que dizer “volte à casa de partida sem receber os dois contos da praxe”.
Se lhe aparecer uma sabidolas, finja que é dinamarquês ou kuala-lumpurense, e mostre-lhe uma frese de que cada vez. Se no dia seguinte ela lhe surpreender uma frase em português, alegue que a transferência de fluídos foi tão intensa que aprendeu uma lígua nova por osmose. Este papel pode servir em caso de embaraço, de cábula, quando não se sabe o que dizer a seguir.
Para além destas frases básicas há o pormenor da conversa propriamente dita. Comece por dar um nome falso, de preferência Quim. Nel, Ambrósio, Epanimondas, para ela pensar que o tem na mão; pergunte o nome, o nº de telemóvel (só no fim); diga-lhe que é a primeira vez que faz aquilo; que é virgem (resulta bem no Algarve na época alta); que é gay (é estranho mas resulta); que é engenheiro, porque todas andam ao cheiro do €; que é filho do conde da Bracalândia; e fale na terceira pessoa às betinhas e tias.
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