quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Haxixe

«Ele levantou a tampa e viu uma pasta esverdeada semelhante a compota de angélica, mas que lhe era totalmente desconhecida.1
[...] Aquela conserva verde não é nada menos do que a ambrósia que a mítica Hebe servia à mesa de Júpiter. [...] prove isto e os limites da possibilidade desaparecerão. Os campos do espaço infinito abrem-se para si, caminha com o coração liberto, em direcção aos reinos ilimitados de devaneios livres. [...] Sem se curvar aos pés de Satanás, será o rei e o dono de todos os reinos da terra.2
[...] É haxixe, o mais puro e não adulterado haxixe de Alexandria, o haxixe de Abou-Gor, o célebre produtor, o único homem, o homem para quem deveria ser construído um palácio, com a inscrição destas palavras: um mundo agradecido ao negociante da felicidade.»3

É assim que Alexandre Dumas, um dos românticos do Século XIX francês, descreve o Haxixe. Não é do desconhecimento geral, que a escrita do século XIX está recheado de referências a estupefacientes, e que o ópio e o absinto puro, que é branco e espesso, e não verde como o que vemos hoje a ser servido em qualquer bar, faziam as delícias de qualquer boémio desta época. Desconhecido para mim era que o haxixe fizesse parte dos hábitos da sociedade da altura. Foi pois, a reler “O Conde de Monte Cristo” que me deparei com este facto e deixo-o ao vosso cuidado, para ficarmos com a certeza que esta droga que é fumada em grandes quantidades nos festivais de Verão, tem uma história certificada pela literatura.

1 DUMAS, Alexandre, O Conde de Monte Cristo, Vol. I, Colecção Geração Público, Público, Porto,2004, p. 385.
2 Idem, p. 386.
3 Idem, p. 387.

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