terça-feira, 24 de agosto de 2004

Traição do Destino III

Com este pensamento fixo devaneou a sua mente através do que ele lhe poderia dizer acerca de tão obtuso caso. Conhecia histórias do seu grande amor por uma colega de curso, dos seus percursos boémios da Praia da Rocha, com festanças orgíacas de não mais acabar, convenientemente regadas como manda a lei, por bons copos de Cabeça de Burro, e Duas Quintas. Ouviu muitas vezes com interesse a sordidez de casos de professores de faculdade, perguntando-se, se alguma vez diversificaria os seus horizontes de uma forma tão pérfida, e simultaneamente aliciante, porque convenhamos, os homens sentem um je ne sai quois por este tipo de coisas. Muitas lágrimas mancharam a sua caríssima camisa Pierre Cardin, ao ouvir as mágoas inconfessadas aos comuns mortais deste brilhante homem, que tudo tinha, mas que estava amputado do amor por sua própria culpa.
Mais uma prova da inexistência de um Inferno telúrico, já que tudo o que fazemos de mal, tanto aos outros como a nós mesmos, sente-se na pele, mais dia menos dia, e todos os dias da nossa vida, quando confrontados com o erro cometido. Era o caso do Professor, que devido a uma infidelidade do passado, numa altura em que a cabeça tinha o centro de gravidade deslocado, perdera a mulher da vida dele, e até hoje chorava baba e ranho por isso. Um Inferno, digo eu!

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