"Moonlight Reflection" Linda Merk-Gould
Aos poucos deixou-se levar. Não sabia muito bem qual o caminho a seguir; o mapa mental desdobrou-se dimensionalmente e ele ficou sem referência. Sempre a tivera acoplada às certezas, mas neste momento não. Perdera-as como a chave de casa e não podia fazer uma cópia.
Aos poucos deixou-se levar. O sentimento conduzia-lhe o coração; derretia a calote de frieza que lhe toldara a emoção nos últimos tempos. Lia nas árvores algo indefinido que recordava algo que tinha desaprendido, com tantas barreiras que criara, e aos poucos começava a acreditar que seria possível.
Do outro lado do nevoeiro alguém pensava como ele. Chorava lágrimas doces como absinto e embriagava-se com elas. Consolava-se secretamente e secava-se com os cabelos: a única coisa que lhe cobria o corpo.
A lama gémea, dos dois lados do fosso, cercava os corpos que, aos poucos, sentiam a necessidade de se encontrar. Impelia-os mas não era daquela forma que se iam unir.
Ele adquiriu novos hábitos: lambia as feridas do passado e via que estavam a cicatrizar. Acreditava que dentro em pouco as suas pernas estariam prontas para andar. Arrastava-se à procura de comida para a alma que estava perto, tão perto.
Ela corria mas não via. Tacteava a absorver a luz que o corpo necessitava.
Um dia viu.
Aos poucos deixou-se levar. O sentimento conduzia-lhe o coração; derretia a calote de frieza que lhe toldara a emoção nos últimos tempos. Lia nas árvores algo indefinido que recordava algo que tinha desaprendido, com tantas barreiras que criara, e aos poucos começava a acreditar que seria possível.
Do outro lado do nevoeiro alguém pensava como ele. Chorava lágrimas doces como absinto e embriagava-se com elas. Consolava-se secretamente e secava-se com os cabelos: a única coisa que lhe cobria o corpo.
A lama gémea, dos dois lados do fosso, cercava os corpos que, aos poucos, sentiam a necessidade de se encontrar. Impelia-os mas não era daquela forma que se iam unir.
Ele adquiriu novos hábitos: lambia as feridas do passado e via que estavam a cicatrizar. Acreditava que dentro em pouco as suas pernas estariam prontas para andar. Arrastava-se à procura de comida para a alma que estava perto, tão perto.
Ela corria mas não via. Tacteava a absorver a luz que o corpo necessitava.
Um dia viu.
11 comentários:
Oh lama oh que linda lama, a lama do lamaçal, o teu blog é o mais lindo que anda aqui no blogueiral! ;-)
Bene Bene! LOL
Boa lama mas gostava q escrevesses assim uma coisa mesmo prática...
Fazes isso por mim?Palise?
Abraços da Zona Franca
Miguel
Custa-me ,após um dia de trabalho cansativo, acreditar que estou perante um texto que me cai às mãos de uma forma tão real!..
Cito:"Ele adquiriu novos hábitos:lambia as feridas do passado que estavam a cicatrizar."
Cito um mestre de nome Tirso de Molina que escreve
Nunca morre a raiz
De uma paixão acesa
Pois no homem mais feliz
Embora sare a ferida
Fica sempre a cicatriz
Desejar-te um abraço é muito pouco;prefiro dizer que sejas feliz sem cicatrizes.Adriano Ribeiro
olá há muito que não comentava por estas bandas, como sempre um must
Miguel
Há que ter cuidado!....
Num julgamento à tempos, um "assistente" só falava em "comer". Provou-se que gostava de ser "comido" e com provas obtidas de acordo com o artº 355 do CP.
Um abraço
A pintura transmite-me algo que não consigo definir, desde mistério, a vazio, não sei explicar.
Lama é bom. Alma também.
rumbas de alonva é que não!:D
sou tão básica, mas quem te mandou dar-me brinquedos novos?
ALERTA À POPULAÇÃO PORTUGUESA
Assunto: Gripe das Aves
A DGS não tem aprovisionamento de vacinas para o total de portuguesa mas à boa boa maneira portuguesa do desenrascanço foi encontrada uma solução para a prevenção da gripe das aves.
A partir de amanhã poderão comprar fisgas em qualquer farmácia do território nacional e ilhas.
A lama, é sempre gémea, siamesa, cola-se e não desgruda!!! Já a lama que guardamos cá dentro, acumula, petrifica, mas é impossível retirar! Abraço
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