quarta-feira, 3 de agosto de 2005

O Espelho

Durante muito tempo teve uma vida de gato feliz. O dono fazia-lhe festas, a dona dava-lhe carinho, comia o que bem lhe apetecia e era feliz assim.

Quando os donos não estavam em casa refastelava-se e fazia tudo o que as suas patas de gato deixavam fazer. Independente, como um gato tem orgulho em ser, fazia só aquilo que realmente lhe passava pela vontade de gato.

Miava como um gato, e quando apareciam visitas no seu espaço, ia roçar-se impregnando as fibras das roupas com pêlos da finura de átomos, cinzentos. As pessoas levavam assim uma recordação de gato, lembrando-se com prazer ou repugnância, mas é este o efeito dos felinos. Há quem goste.

O que é certo é que não era um gato que deixasse ninguém indiferente, por vezes até mordia os ignorantes que lhe negavam atenção.

Nunca tivera um gato na vida, era muito independente e não gostava de criar laços. Para além disso não havia gato que lhe suscitasse interesse para possível relação.
Poderia até tratar-se de ter conhecido tantos gatos na sua vida de gato, que se tornara exigente demais para abrir o seu pequeno coração ao primeiro que lhe aparecesse.
Podiam ser gatos com tantas características marcantes, que ela desejasse encontrar um gato que tivesse todas as qualidades e defeitos dos seus pretendentes possuídos.

Continua

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