terça-feira, 2 de agosto de 2005

Caos

Não me perguntem o que aconteceu, depois explico. Hoje é uma excepção. Apeteceu-me.
Amigo, há uma coisa que se cham sintonia, empatia, talvez padrão similar, o que é certo é que me saiu isto, e há uma relação com o que escreveste.
Há dias em que realmente se deve sair da tenda. Quando se está rodeado de boas pessoas que falam a mesma língua, nunca nada corre mal.

Estás bloqueado por pensamentos que querem sair mas nunca se atrevem apor as antenas fora da carapaça, pelo menos para a realidade exterior. A tua concha é demasiado frágil, e sabes que basta uma pequena acção para que todo o caos interior que gira contido seja colocado na luz do dia, e destrua toda a paz aparente que sentes já há muito tempo.

Passeias na praia e chutas a areia sem intenção. Sem querer perturbas o microcosmos envolvente e tudo se vira contra ti. O vento envolve o teu corpo e entra dentro da tua mente deixando-te à beira do colapso espiritual. Um guarda-sol atropela-te e recomenda-te com cores que vejas o lado bom da vida. Para catastrofista já basta a tua mão direita, que o que toca transforma em carvão. É o toque do ferreiro só é pena que não sejas ferreiro, ser-te-ia muito útil.

A noite cai, evoluis para o estado A fotofobia deixa de te incomodar. És animal da noite e consegues exprimir o que te preocupa de forma natural. Depuras a visão e vês que o teu desejo se torna realidade. O encontro com o maior desejo transforma-se no maior medo, mas não há que o ter, enfrentá-lo é talvez a melhor forma de o ultrapassar, por muitas feridas difíceis de fechar que resultem do confronto.

Pensas e deixas de pensar, o teu cérebro trabalha só com sins e nãos , os dois levam-te à atitude.
Tudo nela te agrada. A paleta cromática, as dimensões, a forma como as formas se mostram, o som que produz na nota certa, a raiz de tudo. Deixa-te ansioso.

A adrenalina pesa no sentido frontal e avanças. Tocas nas suas formas e o com o teu olhar, fixo, reconheces que tudo se encaixa. É o saber antigo transmitido pelos genes que formata a tua consciência e sabes a profundidade da experiência sem nunca ter passado por ela. Sem preconceitos encostas um dedo e a sensação é única, encontraste a tua paz. Abres o coração e ficas descansado a ver as estrelas por entre os ramos dessa árvore que procuravas.
A árvore és tu, e sabes bem.

Raquel

10 comentários:

Anónimo disse...

É forte. É poderoso. É texto. És tu!

Anónimo disse...

Almocei um dia com estes senhores e disseram-me tudo o que tinha de ouvir e saber para esse dia e noite.Das profundezas de tudo, o meu coração volta a bater, agora com mais força e com a esperança estampada nos olhos e no toque das mãos.

Anónimo disse...

Um abraço é o suficiente para que o outro sinta o que sentimos, basta a sintonia da mesma frequência.

Anónimo disse...

Foi, deveras, um almoço interessante. E uma honra encontrar interlocutores que não abandonassem a conversa, a mesa, o coração. Abraço

Anónimo disse...

A força da expressão literaria das origens está aqui presente e elevada n vezes a um numero potencial trigonométrico.E infinito!
Força Miguel.
Tambem entrei de férias, mas arranjei um espaço ciber e entrei com terceleiros.

Poor disse...

muito bem dito, escrito!

Miguel de Terceleiros disse...

Hugo: és a alavanca e o Pepe o fulcro, o resultado é R.

Oak e rádio: .

Adriano:Deixas-me sem força nas teclas.
abraço

Miguel de Terceleiros disse...

Amie: não consigo fazer melhor.

Voudaquiparaali: a amizade tem destas coisas

beijos para as duas

Anónimo disse...

Se eu fosse uma arvore queria ser esta arvore!

Miguel de Terceleiros disse...

Raquel podemos ser a árvore que queremos, mas o grande problema continuam a ser as raízes, quando não estão bem seguras... Eu gosto desta árvore, apetece-me abraçá-la mas temo que não tenha braços.