quarta-feira, 2 de novembro de 2005

1.35 AM

- Acorda Miguel, são seis e meia.
- Hummmm, gnharrrlll.
- Acorda, tens que trabalhar.

Os lençóis ainda estão húmidos e não teve descanso suficiente; nestas condições nunca é suficiente, nada é suficiente.

- Que é que se passa?!
- Tens que te levantar! Os clientes têm que ser acordados!
- Eu quero é que eles se fodam! Que vão para o caralho!
- Não sejas resmungão.

Há pessoas que deviam ser presas por acordar alguém a esta hora criminosa, é homicida tirar alguém da cama a horas tão indecentes.
Ensonado, friorento arrasta a carcaça para fora da cama. Tudo podia correr melhor mas não havia nada a indicar tal. O vento soprava com muita energia, a que lhe faltava; a chuva lavava as paredes da habitação sazonal e o seu corpo ansiava por alguma água que havia de aparecer. Chuveiro a correr e quinze minutos depois de óculos de sol a tapar as olheiras de três dias de mau sono (com muitos sonhos e interrupções) desloca-se à habitação principal.

- Bom dia, exclama o sorriso do cozinheiro.
- Só se for para ti.

Resmunga o que o corpo lhe faz sentir: má disposição, mau humor, cansaço… Senta-se e volta à noite anterior.

- Olá! Estás a dormir?!
- Agora não.
- Acordei-te?!
- Claro que sim!
- Leste as minhas mensagens?
- Claro que não!
- Então lê.

Desliga o telefone e fica confuso. Por momentos pensou estar a sonhar. Aquele episódio onírico é estranho e o despertar ainda mais. Aquele nome a piscar no telemóvel parecia saído de uma dimensão paralela.

Desejara todos os dias que aquilo acontecesse e agora que se tornara realidade (seria?), temia que tivesse sido demasiado frio e seco. Ela era especial e não merecia a sua má disposição ou o granito que lhe saltava da boca quando acordava a meio da noite. Não respondeu. Leu as mensagens e tentou dormir sem sucesso.
A insónia turbilhonou-lhe os pensamentos e deu-lhe um descanso às prestações. Sonhou com ela e agora era real; ela a linha de crédito que o fazia continuar.

- Hã?!
- Café ou chã?!
- Café, preto como o inferno e amargo como a minha alma.

Toca o telemóvel. Miguel pisca no display. Ela põe em silêncio e considera não atender.
“É melhor atender… afinal gosto do cheiro dele.”

15 comentários:

Humor Negro disse...

The author has been included by the blog. Bem vindo. Vê o teu e-mail.

Miguel de Terceleiros disse...

"E dos peitorais".
Ainda hesita e pensa: "Será que estou pronta para isto?!"

noasfalto disse...

I missed you!
És o meu 2º café da manhã!

Abraço

Morwen disse...

aie... tas a ficar mt..."morrântico".lol.. são fases.. daqui a bocado é a crise da meia idade: acabas com uma "chavala" (laivos de luxúria e egocentrismo estão propensos a aparecer... mmm...) com metade da tua idade.
é bom que me comece a habituar à ideia, pra não ter nenhum choque depois!lol!
mas agora a sério: quem me dera.!) ao menos não era eu a única "caçula" da família.hehehe...

brigada pelo apoio, é muito importante pa mim. mas tu sabes... tb senti a tua falta.=)
beijinho
morwen

Sukie disse...

Eu hoje acordei às 5 da manhã para "apanhar" um avião para ir trabalhar (eu sei, parece estranho). E cá estou eu. E nada de fazer caras feias, ninguém tem culpa que blábláblá...uiiii

Poor disse...

welcome to the real world!
boa sorte!:)

Maria João Resende disse...

O que não vale um bom perfume! Ou será a genética? Ou a coincidência?
Seja como for, vale sempre a pena tomar banho!!!
Bem vindo de volta! É bom voltar a ler-te.

PR disse...

não devia ter atendido...

Anónimo disse...

Não resistiu... :)
Ardemos na fogueira das especulações e saímos ilesos. Vamos ao encontro das vontades... afinal somos humanos ****.
É bom voltar a ler-te...

Miguel de Terceleiros disse...

Atende e geme-lhe ao ouvido o desejo de estar com ele.

noasfalto disse...

GEME-LHE?????

Qué qué isto MEU DEUS???

Abraço

Miguel de Terceleiros disse...

COm a mão a tremer, Miguel segura no telefone e propõe uma garrafa de vinho e uma "pasta".

Unknown disse...

Afliges-me. Deixas a história a meio como se viesse alguém com uma tesoura e cortasse a linha. Tens medo de quê?

Anónimo disse...

pois é, ñ se pode perder um homem q cheire bem, né? ;)

kiko disse...

Problemas olfatibos lebam a isto.... Quanto a ressacas, essas leva-as o vento.... Abraço :D